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Arquivado: BIME – Bienal Internacional de Marionetas de Évora

Atualizado em 12/06/2025
AÍ ESTÁ MAIS UMA BIME!
Quando em 1987 realizámos a sua primeira edição não podíamos imaginar que as marionetas tivessem uma tão grande capacidade de fascínio e atração junto do público. Sabíamos que os Bonecos de Santo Aleixo eram uns excelentes anfitriões da festa porque sentimos, em muitos momentos, nas aldeias de onde são originários e em diferentes palcos no país e no estrangeiro, o carinho que lhes dedica o público e também outros marionetistas que fomos conhecendo nos festivais onde fomos participando. Agora, quando começamos a falar da próxima edição da BIME, quando na rua entregamos o calendário dos espectáculos, a ligação acontece de imediato, o que revela o grau de atenção e expectativa que existe relativamente a esta iniciativa que ocupa lugar de destaque no calendário cultural da cidade. Provavelmente, um dos fatores que contribui significativamente para isso é a circunstância de termos espectadores que começaram a vir à Bienal pela mão dos pais e que hoje já são eles a trazer os filhos ou os netos a ver os bonecos. São as práticas regulares e consequentes que garantem a fruição cultural, a salvaguarda do património e que contribuem decisivamente para a formação dos públicos.
A nossa cidade dispõe de qualidades absolutamente extraordinárias para acolher eventos desta natureza, desde logo porque tem uma dimensão que facilita e promove naturalmente as relações humanas entre os espectadores, entre os artistas edestes com o público, porque nos encontramos constantemente. Viver a BIME no seu dia-a-dia é uma caixa de surpresas, não só pelo que cada espectáculo apresenta, mas também porque, a todo o momento, podemos ser atraídos por um recanto, uma paisagem, um pôr-do-sol ou uma determinada luminosidade. Quem sabe, até por uma conversa no degrau de uma portada numa noite de lua cheia. Évora tem o seu próprio tempo e será também por isso que a BIME é um encontro muito gratificante.
Estamos a caminho da Capital Europeia da Cultura, momento maior, esperamos, da vida cultural da cidade e da região. Lutámos para conseguir esse reconhecimento e queremos que esta classificação cumpra os objetivos assumidos para que a cidade e a região, à semelhança do que aconteceu nas outras cidades vencedoras, possa dispor de novas condições para o seu desenvolvimento e ver reforçados os meios para cumprir os desígnios de um novo ciclo de vida neste Alentejo esquecido, que tem sido demasiadas vezes discriminado negativamente.
Este ano o Cendrev cumpre 50 anos de atividade. Foi aqui que começou a descentralização cultural logo a seguir à Revolução do 25 de Abril, pela iniciativa de Mário Barradas que desafiou uma mão bem cheia de homens e mulheres de teatro que vieram para Évora determinados em cumprir o serviço público de cultura e começaram logo por devolver à cidade, ao seu público, o extraordinário Teatro Garcia de Resende que era então o entreposto do lixo de toda a cidade. Entre muitas outras coisas boas que se fizeram, Mário Barradas juntou a si um pequeno grupo para ira Santiago de Rio de Moinhos falar com Mestre Talhinhas, propor-lhe vender todo o espólio dos seus Bonecos e vir a Évora, as vezes que fosse necessário, ensinar os rapazes e raparigas que estudavam na Escola de Formação Teatral que tinha sido criada com a companhia. Nesta BIME, que se enquadra nas celebrações dos 50 anos do Cendrev, parece-nos legítimo valorizar a liberdade conquistada, mas também o cuidado manifesto que permitiu salvar uma importante parcela do nosso património, bem como o empenho num processo que garantiu ter os Bonecos de Santo Aleixo vivos e ativos durante todos estes anos e estarmos agora a iniciar a 17ª edição da BIME- Bienal Internacional de Marionetas de Évora.
Obrigado a todos, e são muitos, os que tornaram possível mais esta Festa dos Bonecos.
PRA QUE VIVA!
CENDREV

Consulte a informação completa em https://bime.pt/